Hoje, o meu avô materno faz anos... 73.
Até 2009, nunca tive muita proximidade com ele, uma vez que ele era uma pessoa fria e distante da família, ainda que no fundo, atento, como podemos constatar mais tarde.
Em 2009, uma ferida grave devido aos diabetes levou-o ao hospital e, consequentemente à amputação da perna abaixo do joelho. A partir daí, ele tornou-se uma pessoa diferente, felizmente, para melhor. Agradecia sempre a nossa visita ou o mínimo gesto que tivéssemos para com ele, procurava dar-nos o mínimo de trabalho possível, chorava com facilidade quando falava connosco, como que arrependido pelo tempo que tinha deixado passar sem bem aproveitar a fantástica família que tinha.
Excepto uma ou duas pessoas da família, todos nós decidimos aproveitar esta boa mudança. Passei a sentir que afinal ainda tinha um avô (o meu paterno faleceu quando eu tinha só 9 anos).
Como neta e enfermeira, desempregada, acompanhei-o bastante nas consultas, tratamentos, ensiná-lo a mobilizar-se com a sua nova condição, na procura e adaptação à prótese.
Apoiou-me incondicionalmente na minha decisão de vir para a Suíça... Quando lá voltei na Páscoa, de surpresa, não foi capaz de falar quando me viu... desatou a chorar. Com toda a confusão daqueles 4 dias tão curtos que lá passamos, não me despedi dele como desejava, também por receio da emoção que isso lhe causaria.
Há poucas semanas atrás, sofreu um AVC, o que vem em muito atrasar o que ele já tinha conseguido em termos de mobilização... tem muita dificuldade em conseguir comer e beber... e eu estou aqui, longe, e com o coração apertado, e com medo que a minha mãe me esconda a real gravidade da situação.
O que mais desejo é que ainda possa estar com ele nas férias de Verão... já que só tive este avô "tarde", não quero desperdiçar esta segunda oportunidade que a vida nos deu, de nos descobrirmos. Ele está longe de ser uma pessoa perfeita e um avô perfeito, mas É O MEU AVÔ, e o único que ainda tenho.
Parabéns avô... À bientôt, j'espère.
